De acordo com o dicionário, “focar” significa manter-se concentrado;
ajustar o sistema óptico para uma imagem mais nítida. E é daí que sigo... “ajustar para uma imagem mais nítida”.
Sinônimo de virtude, pessoas que se mantêm focadas são consideradas
mais determinadas e seus objetivos, em geral, alcançados com maior eficiência.
Correto? Hum...
Certamente que se o
objetivo for alcançar a eficiência humana (tipo Tempos Modernos), retiro minha
questão e levo o assunto ao botequim e à cerveja. Mas, pentelhando mais sobre o
assunto, penso no foco como um instrumento, uma espécie de acessório para ser
usado e abandonado, quando desnecessário. Manter-se constantemente focado, ou
seja, com excesso de zelo a uma determinada imagem, também pode significar que
outras tantas imagens estão sendo negligenciadas pelo seu sistema óptico. E
isso soa mal!
Leva tempo para ajustar nosso sistema óptico! Selecionar prioridades requer conhecimento, observação, experiência... E em tempos tão midiáticos
como estes nossos, de tantas urgências, onde o ajuste de
imagens é imediato e a exibição do foco exposta ao mundo, sem muito critério, é interessante pensar nesta analogia. O foco, superestimado como virtude, sinônimo de competência e
eficiência, exibe as imagens que escolhemos para nos representar. Mas também
nos prende, nos torna reféns, nos limita!
Focar significa também abandonar. Deixar para trás muitas
outras imagens, possibilidades e detalhes. Ao fechar nosso sistema num
determinado enquadramento, estamos de certa forma delimitando nosso caminho, projetando,
construindo, dizendo ao mundo quem somos e o que há em nós. Cada imagem
escolhida representa o abandono de todo o resto. Este é o preço do foco!
Aprender a lidar com o nosso sistema óptico é aprender a
colocar em foco imagens que nos são de valor. Saber quando abandoná-lo é aprender
que há certas imagens que só poderão ser percebidas, plenamente, em toda a sua
extensão.
Pesquisei como "foco superestimado" e seu texto apareceu. Gostei das analogias!
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