quinta-feira, 24 de março de 2011

C'est la vie II (Eu disse que continuaria!)

Sei que meus leitores são em número maior do que os que se apresentam – e se expõem – com seus comentários. Como sei disso? Ora, eles me revelam sempre que me encontram! Dizem me acompanhar por aqui e se revoltam quando ficam sem notícias. Não é, tio Fofinho? Hehehe

Pois bem, aqui vão as notícias!

Conforme comecei a contar dias atrás, não foram poucas as emoções pelas quais passei o ano passado e início deste. O ano de 2010 começou em clima de restauração, repleto de possibilidades para a reconstituição da minha vida. O anúncio era bem bom e eu estava otimista.

Mas logo em março fui pega com uma bomba. O atendimento jurídico gratuito, um audacioso projeto social onde eu trabalhava no Rio, havia mudado de gestora e muita coisa passou a mudar desde então.

De início foi como uma ameaça de Tsunami que não vingou... Quase um boato! É que, embora a nova gestora já tivesse sido nomeada em Diário Oficial, na prática, nada mudou.

Após quatro anos de trabalho árduo e parceria imbatível, eu e minha grande amiga e companheira de trabalho, a antiga gestora, fomos separadas e sentimos muito toda aquela mudança.

No escuro, então, passei a caminhar.

Lá para o meio do ano a nova gestora convocou uma reunião e com alguma cautela e muita polidez achou por bem encerrar o projeto, pois o mesmo “não fazia mais parte da ideologia da atual gestão”. Enfim... Meu compromisso foi relatar todo o procedimento para o tal encerramento, desde as formalidades até o tempo que seria necessário para “apagar as luzes”.

Após recuperar os batimentos cardíacos e a circulação sanguínea saí de lá com a mesma sensação de “fim do mundo” que o advogado Kevin (Keanu Reeves) demonstrou em Advogado do Diabo, quando saiu do hospital, após perder sua esposa, para encontrar seu pai, O diabão representando por Al Pacino, naquela Nova York vazia de tudo! (Lembram da cena?) A “minha” Nova York foi a Presidente Vargas e naquele momento ela ficou completamente vazia!!

No dia seguinte, semiviva, fui trabalhar e rapidamente tratei de redigir um relatório completo com o número impressionante de 215 processos em andamento e 33 para serem abertos, já com papelada arrumada e tudo. E, em todos, eu teria que renunciar e ainda teria que explicar o “porquê” para cada uma daquelas mulheres. Meu Deus!! Minha nossa!! E a Dona Fulana, rapidamente pensei, como vai receber esta notícia? E a Dona Beltrana... Naquele estado em que ela se encontra ultimamente, em depressão... Conhecia a realidade e a história de cada uma delas!!! Vivi com elas muitas de suas dores e as ajudei a superar outras tantas!! Aquilo não podia estar acontecendo!!! Era choro misturado com raiva, acompanhados pelo receio de não dar tempo e de eu não ter forças para fazer tanta coisa ao mesmo tempo e, pelo visto, sozinha!!!

Prontamente fiz o tal relatório e exigi uma documentação para a finalização formal do projeto. Decidi só finalizar se tal documento me fosse entregue. Antes disso, nada de renúncia!! E por isso não falei nada a ninguém.

Mandei por email e esperei.

Durante vários dias fiquei colada em meu email, na expectativa de qualquer resposta, mas... Nada!! Nadica de nada!!! Desenvolvi até TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) de tanto ficar abrindo e fechando o Gmail. Que gastura!!

Então resolvi mandar mais emails, ratificando o relatório e o pedido da documentação para a finalização do projeto. Todos os emails eram enviados com cópias para as assessoras e a secretária e... NADAAAAA!!! Nenhuma resposta de ninguém!!! Cheguei a delirar com isso, a ter pesadelos e sonhos mirabolantes: “Será que o projeto havia mesmo terminado?? Será que aquela reunião fatídica tinha mesmo acontecido??”. Passei a duvidar do que tinha ouvido e minha sanidade ficou seriamente comprometida. Durante um bom tempo vivi num estágio entre a lucidez e a completa loucura!!

Os meses foram passando, precisei entrar de férias, voltei das férias e... NADAAAA!!

Já era dezembro de 2010 e o recesso forense batia às portas. A gente sempre fechava o expediente nesta época do ano. Precisava falar com ela e saber como ficaríamos!! Se Maomé não estava indo à montanha, não tinha outro jeito, a montanha aqui, teria que ir a Maomé!!

Fui pessoalmente falar com a nova gestora e lhe propus manter os processos que estavam em andamento, nem que fossem sob minha responsabilidade pessoal, como advogada (como disse, estava surtando mesmo!). A proposta, claro, foi aceita.

Que notícia esplendorosa!! Poderia manter os processos em andamento até que fossem finalizados e no início do ano, com o término do projeto, trabalharia com a antiga gestora, no setor onde eu sempre estive lotada. Se o término do projeto era inevitável, ao menos ele seria encerrado sem deixar nenhuma pendência. Naquelas circunstâncias essa possibilidade era a perfeição e eu até comemorei!!

A alegria, no entanto, durou pouco. A empresa pela qual eu trabalhava, terceirizada, encerrou o contrato e uma-torcida-do-Vasco-inteira foi demitida!! Era gente pra dedéu e nessa leva eu, e os 215 processos em andamento, fomos juntos.

Tentamos fazer com que eu ficasse... Em vão, não deu mesmo. E aos 02 de fevereiro de 2011 assinei meu aviso prévio e isso, lhes asseguro de coração, foi o que menos pesou. Minha “morte” já tinha sido anunciada bem antes disso!!

Após cinco anos de trabalho, em sete anos de existência do projeto, foi minha a missão de “apagar as luzes”.

Este projeto foi um grande encontro! Foi ali que me encontrei! Ou como eu mesma disse na despedida: Foi onde encontrei a oportunidade de ser a advogada que eu sempre quis ser!! Foi a semente encontrando o solo fértil!! Era O SONHO!!! E, cá entre nós, quantas vezes em um trabalho temos a oportunidade de fazer EXATAMENTE o que mais amamos??

Continua...

sexta-feira, 11 de março de 2011

C'est la vie!

Andei sumida daqui, é verdade. Coisas que tive que resolver. Perdas, ganhos, mudanças... c’est La vie e seus movimentos sinuosos! Muita coisa pra contar! Então tudo será editado pra caber e não encher. Juro que vou tentar!
Vivemos uma época em que quase tudo é possível. E uma dessas incríveis possibilidades é poder registrar tudo o que há para ser registrado sobre qualquer coisa. Câmeras perfeitas, filmagens profissionais ao alcance de qualquer um e memórias capazes de armazenar uma vida inteira! Tudo isso nos permite “congelar” cada momento de nossas vidas com toda a precisão profissional e ainda criar ilusões, cenários, efeitos... Enfim, por esta razão também, há momentos em que não sabemos se os vivemos ou apenas os registramos. E não raro estamos às voltas com este pequeno dilema: viver, se entregar às sensações do momento, ou parar e ficar registrando o que estamos vivendo? Por vezes nos atropelamos de tanta ansiedade e acabamos por inventar momentos que talvez não existissem não fosse a possibilidade de serem filmados e/ou fotografados com tanta riqueza e facilidade. Em resumo: somos uma geração de “posers” acostumados a sermos clicados, filmados e fotografados a cada instante! Somos treinados para sorrir e desenvolver um melhor “ângulo” ou versão de nós mesmos. Entendemos um pouco de iluminação, contraste, brilho, zoom... Foi-se o tempo do “albinho de fotografias”, das fotos queimadas e/ou mal tiradas. Agora não se tira mais fotos dos momentos que vivemos. Vivemos momentos para tirar fotos!!! O objetivo é registrar, armazenar, clicar! Tudo o mais é acessório!

Dada esta introdução pego o gancho pra dizer que foi mais ou menos assim que me senti nas últimas duas semanas. Psicótica para registrar tudo! Queria parar para fazer anotações, filmar e fotografar, mas não tive como viver, me dirigir, criar roteiro e interpretar tudo ao mesmo tempo! Foram duas semanas insanas!!! Então usei o método antigo. Vivi a experiência, senti as emoções e agora contarei para fazer o meu registro.

Neste post só coube a introdução. Ai ai ai!!